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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012


Começo esta estória pela minha infância que, como a de toda criança feliz, foi cheia de brincadeiras e fantasias tão reais que, em nossas lembranças, é até complicado distinguir o que realmente aconteceu do que é mera ilusão. Sempre fui ótima com fantasias e devaneios. Por muito tempo isso foi um empecilho para finalmente ingressar no mundo adulto, porém hoje eu consigo usar todas essas dificuldades ao meu favor.
Durante muito tempo da minha infância, minha vida foi cercada por amigos e por também inimigos de bairro. Todos nós tínhamos a sonhada liberdade de crianças de cidade grande que vivem cercadas por muros. Para nós só existia um limite: o fim da rua. O que na verdade não era bem um limite, era apenas uma regra seguida quando estávamos ao alcance dos olhos de nossos pais, pois quando os mesmos não estavam com tempo para nos vigiar, viajávamos o mundo inteiro em um quarteirão.
Lembro até hoje dos meus amigos, e por vezes os encontro na rua, porém perdi o contato com a maioria. Luca, Eddie, Melissa, Grace e eu, Amy. Éramos inseparáveis, tínhamos um clube que, com muito prazer, foi organizado por mim, andávamos o bairro inteiro com nossas bicicletas que, acredite você ou não, tinham super poderes capazes de nos levar a qualquer lugar. Atualmente, apenas Melissa continua sendo a minha melhor amiga. Ainda fazemos festinhas do pijama na mesma casa que registrou boa parte da nossa maravilhosa infância.
Bem, quanto ao resto, Luca tem vinte anos e uma namorada insuportável, ainda o vejo quase todos os dias, pelo infeliz fato de sua casa ser colada a da minha avó. Eddie se envolveu com péssimas companhias. Drogas, roubos, vandalismo, ignorância, e vou logo adiantando, ele vai ser o protagonista da nossa história. Grace mudou-se para outra cidade, mas sinto que seu coração ainda pertence à velha e não tão pacata cidade de Lodi, Wisconsin.  Sobre mim, não há nada que não saibam.
Estudo em um colégio particular, moro em uma casa velha e abandonada na qual prefiro dizer que é rustica e meio vintage. Tenho poucos amigos e um namorado excepcionalmente maravilhoso. Uma vida totalmente dentro dos eixos, ou quase. Exceto pelo fato de ser perseguida pelo meu velho amigo de infância, o Eddie. Nunca contei isso a ninguém e espero que continue desse jeito, mas ultimamente ele vem ultrapassando os limites da sanidade.
Veja bem, tudo começou quando eu descobri seus costumes ilícitos na madrugada. Não tenho culpa de ter olfato, audição e sexto sentido aguçados. Todas as noites em que dormia na casa da minha avó e ia aos fundos pela madrugada, ouvia sussurros e um cheiro insuportável de cigarro, maconha e qualquer outra coisa queimada. O lado direito da casa da minha avó tem como vizinho um terreno baldio que abriga todo tipo de pessoas e substancias ilegais, sem contar os insetos e ratos.
Em um dia desses sem importância e sem o senso de detetive ligado, fui bombardeada com informações preciosas sobre o menino de classe média baixa, que mal sabe escrever seu nome, e no qual os pais passam por dificuldades financeiras terríveis para dar pelo menos um pouco de dignidade aos seus filhos. Com essas informações você já pode deduzir o quanto ele ficou desesperado ao me ver ali, espreitando pela parte mais baixa do muro. No mesmo momento em que seus olhos encontraram os meus, voei a toda velocidade para dentro e tranquei a porta, não cansando de verificar mais de dez vezes se ela estava realmente trancada. Naquela noite mal consegui dormir, pensei na injustiça que aquele garoto estava cometendo com seus pais, coitados, tão honestos e esforçados. Pensei no quanto ele estava afundando sua vida e no quanto ele era, de certa forma, especial para mim. Passei muitos momentos da minha infância com ele que não tinha como simplesmente ignorar este fato. Estava decidido, no dia seguinte conversaria com ele.

domingo, 22 de abril de 2012



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Eu não admito, mas eu sonho. Sonho com o dia que vou acordar e a primeira pessoa que eu vou ver é você. Sonho que a nossa amizade prevaleça sempre e que nenhum problema desse nosso estranho sentimento, desse estranho relacionamento afete a nossa cumplicidade. Porque eu acredito em finais felizes, aliás, eu não acredito em finais, porque não existe final que seja feliz, separação que termine com um sorriso nos lábios de ambos.
 Eu desejo mais do que nunca que tudo que nós façamos por toda essa longa caminhada que nos espera, seja pensando no outro, no nosso bem estar, na nossa felicidade. Porque eu me preocupo com você, eu meço as minhas palavras, eu imagino sempre você sorrindo, e por minha causa. Você cultivou em mim um tipo de sentimento que jamais vai sair do meu coração, mesmo que a vida nos leve para direções contrárias, metade do meu coração vai sempre pertencer a você.
 E que nós sejamos sempre esse casal fora dos padrões. Que nossas tardes dos fins de semana permaneçam intactas com o passar do tempo, que toda essa cumplicidade jamais se perca entre os obstáculos da vida. Pois eu não consigo sem você, você roubou aquela mascara que eu usava e que conseguia enganar a todos com essa frieza forjada e eu sei que nunca mais vai me devolver, então não sai do meu lado, não deixa que as pessoas descubram meu ponto fraco, não deixe que elas se aproveitem disso, esteja sempre comigo, de todas as formas.